Ode ao isolamento social. Ou como ficar maluco em 5 dias.
Já não faço uma ode desde 2015, ano prolífero em inspiração, em que não só fiz uma ode ao kebab, como fiz outra ode aos tomates.
Vejam lá, que hoje acordei inspirada da minha vida, com aquela luz divina a cair-me nos cornos em modo angelical com direito a música de coro, e decidi escrever umas merdas no meu blog, à boa moda da dESarrumada, que aquela bitch nem sempre cá vem, mas quando vem parte a barraca toda.
Vamos lá?
Vamos pois.
Ode ao isolamento social
Tudo começou de um dia para o outro
O que era só uma simples gripe, segundo Emmanuel Macron,
Tranformou-se numa guerra sanitária,
E veio acabar com o famoso papel higiénico para limpar o bujon.
Já estou aqui que nem posso, de dormir mais de 10h por dia,
O sol esse, a trabalhar que nem um cão, já nem o via,
Mas agora ainda vejo menos, porque o velux do estúdio,
Uma limpeza já merecia.
Para sair, é preciso uma autorização,
Antes dava para preencher online e mostrar no telemóvel,
Mas um hacker decidiu que era a altura ideal para roubar informação,
E agora temos que copiar aquela merda toda à mão.
Já não escrevia tanto à mão desde a primária.
É a oportunidade ideal para ver séries, filmes e pornografia até cair,
O Pornhub aqui em França até já ofereceu uma conta premium gratuita.
Ok, esta quadra não vai rimar,
Mas com tanto porno em HD disponível até a patareca vai ficar aflita.
Se sempre quiseram testar os limites sebáceos do vosso cabelo,
esta é oportunidade perfeita.
Ver quanto tempo aguentam sem um banho.
Saber quanto é que crescem os vossos pêlos púbicos,
Podem testar aquele desodorizante zero waste, que tresanda, mas que sempre tiveram medo que os vossos colegas do work conseguissem cheirar.
Deixar o buço crescer até ao pescoço,
E apará-lo com o facalhão da cozinha.
Ok não se metam com o facalhão. Isso vai correr mal.
Qual cozinha? Não tenho. Estava só a brincar.
Já acumulei tanta tralha no estúdio que tenho que saltar obstáculos para chegar à cama.
Qual cama? Também não tenho.
É um sofá com um colchão mais fino que a pila do cachalote.
Não deixou saudades. Mas a experiência de quase morte que tive com ele, é tipo a experiência de morte eminente que o sistema de saúde público francês vai viver, brevemente, num hospital público perto de si. Porque entretanto os privados já deram à sola. Como em Portugal.
Mas isso já são outros quinhentos, como dizia a Avó Maria.
Pronto, isto no início rimava, já valeu pelo esforço,
Agora vou só dizer umas tretas soltas que me vierem à cabeça.
A minha vida tem sido:
Masturbação
Yoga
Meditação
Journalling
Visualização
Afirmações positivas
Ir comprar comida
Descer as escadas
Voltar para cima porque me esqueci da autorização
Copiar a autorização
Reparar que me enganei na data do decreto-lei
Recomeçar do zero
Escrever tudo outra vez
Tentar alegar que só tinha uma folha de papel em casa e deixar tudo entregue nas mãos de Deus
Ir às compras
Comer moelas pela terceira vez em dois dias porque é a única merda que sobra no corredor das carnes
Chegar à conclusão que o peixe aqui, para além de ser escasso, é nojento
E caro. Muito caro. Mas ainda não tão caro como o papel higiénico.
Esta gente pensa que o mundo vai acabar se não tiverem o rabo limpo?
Ou foi porque o Pornhub ofereceu um mês de premium grátis?
Não me digam que o papel higiénico é para se limparem depois?
Ok, foda-se, esta ode já descambou.
Vou só ali dormir a quarta sesta do dia.
E rezar para que a minha saúde mental aguente este isolamento em 12 metros quadrados.
Ontem bebi alcool sozinha, pela primeira vez na vida.
E ainda só vamos no 5º dia.
Arre foda-se.
Rogai por nós, irmões.
Beijo na bunda!