Desarrumações minhas.
Ora bem, levantei-me cedo, fui ao ginásio, cheguei a casa, destralhei algumas zonas da casa que já andavam a meter-me nojo há algum tempo. Estou em vias de fazer a terceira máquina de roupa. Sinto a barriga lisinha, lisinha, devido ao desporto desta manhã provavelmente, uma vez que ontem não caguei como de costume. O tratamento para a obstipação não tem feito grande milagre confesso. Não meti música nenhuma, nem estou a ouvir vídeos ao mesmo tempo que arrumo. Estou no momento presente, como devia estar sempre.
Lembrei-me que de vez em quando costumo deitar-me na cama a olhar para o tecto e a questionar-me sobre todas as decisões da minha vida, a contar os erros que já cometi, um por um, numa espiral descendente de depressão e inquietude. Ansiedade, ansiedade, ansiedade. De vez em quando acho que não estou a ir para lugar nenhum, que o meu futuro vai ser uma merda, que não vou conseguir atingir todos os objectivos que tenho. Fazer a coisa X antes da idade Y. Que vou perder todos os meus amigos em menos de nada se continuar a ser um ser vivo tão repugnante. E é isto, todo o dia, todos os dias.
Hoje lembrei-me disso tudo enquanto estava ocupada a viver o momento presente. E pensei cá para mim o quanto feliz posso ser, mesmo que não esteja a fazer nada de extraordinário. Não estou a viajar, não estou a sair com elas. Nada. Tudo isso que normalmente me ajuda a distrair não está aqui hoje. Estou sozinha comigo própria. E estou a gostar.
Cheguei a outra conclusão: continuo sem saber o que o futuro me reserva. Como não sabia ontem, nem no dia anterior a esse. Não sei onde quero trabalhar a seguir, nem em que área. Não sei se quero continuar em França ou voltar para Portugal. Não sei se quero continuar a falar com ele ou não. Não sei muita coisa sobre a minha vida. Mas hoje, pela primeira vez em muito tempo, isso não me preocupou. Hoje sim, descobri que não preciso de saber tudo sobre o futuro para ser feliz. Que continue assim.